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Sala de Espelhos: Mostra Virtual de Jovens Artistas

A visão nos fornece boa parte da informação que usamos para interpretar o mundo. Olhar ao redor é uma tarefa que aprendemos a desenvolver com maestria desde muito cedo. Depois, eventualmente, desaprendemos – ou passamos a assumir um olhar superficial, imediatista, automatizado.

Tão importante quanto olhar ao redor é olhar para si: compreender o Eu e o Mundo, entender-se como sujeito. Olho e pensamento são, em geral, uma trama inseparável. Olhar ao redor e olhar para si (mesmo que de olhos fechados) é sempre um aprendizado, ainda que desconfortável e até doloroso.

E como, por que e por quanto tempo devemos olhar para as artes visuais? O que devemos procurar em uma obra, e o que podemos esperar dela?

Sala de espelhos reúne cinco jovens artistas, estudantes de Artes Visuais na Unifesspa, em Marabá. Seus trabalhos são resultantes de investigações pessoais conectadas a diversas experiências de extensão universitária. Fiama Rodrigues, Inigashin, Luanderson Santos, Rafa Cardozo e Taate Cavalcante experimentam técnicas que passam da plasticidade tradicional à criação digital. Seus conceitos e temas são igualmente variados, passando por referências culturais locais e globais, mas possuem um eixo comum: refletem sobre si e sobre seus contextos. São fruto de uma laboriosa reinvenção dos seus respectivos cotidianos. Olhar para si e, ao enfrentar o espelho, transformar o dia a dia em matéria para a produção artística; trazer o íntimo a público.

A imagem que qualquer espelho nos devolve é, entretanto, sempre uma tradução, por mais fiel que nos pareça à primeira vista. Talvez seja correto dizer que os espelhos nos reinventam, assim como os artistas aqui reunidos reinventam a si e a sua intimidade, traduzindo-se por meio da arte. E, enquanto espelhos, essas obras também podem nos entregar os nossos próprios reflexos – fiéis ou distorcidos, nítidos ou embaçados.

Como cantou o grupo alemão Kraftwerk (em tradução livre), até as maiores estrelas descobrem a si mesmas no espelho. Estrelas ou não, maiores ou menores, todos nós também precisamos enfrentar a sala de espelhos, para aprender com nossos próprios ecos.

Gil Vieira Costa

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